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Atualmente, existem vários sistemas online para criar questionários, distribuí-los e analisar os resultados, inclusive sem custos

A principal função de uma pesquisa de mercado é reduzir os riscos de cada decisão tomada. Foto: Freepik

Quantas decisões você toma por dia? 35.000 é um número alardeado e aceito pela ciência. Não são milhares de decisões cruciais. Na imensa maioria são escolhas simples, como tomar água gelada ou na temperatura ambiente, comer carne de boi ou de frango, assistir à TV ou ler um livro, por exemplo.

Como todas, estas decisões exigem algum tipo de informação: se há água gelada, as carnes que o restaurante oferece, o line-up dos canais de TV e ter ou não livros à disposição.

Nesses exemplos, a escolha não trará maiores consequências. No entanto, na vida de uma empresa, os riscos são muito maiores. E a principal função de uma pesquisa de mercado é reduzi-los.

Certa vez, uma empresa, líder de mercado, procurou meu antigo instituto de pesquisa dizendo que iria lançar um produto e precisava avaliar a viabilidade. Ok. Estudamos o problema e elaboramos o estudo e o orçamento.

A proposta não foi aprovada porque o custo de um lançamento errado seria no máximo equivalente ao de fazer a pesquisa. Claro que foi uma decisão simplista, já que os benefícios da pesquisa seriam muito maiores do que gerar um sim ou não. Só que o cliente não percebeu ou nós não soubemos convencê-lo.

Mas, no final das contas, o que contou foi simplesmente a constatação de que os recursos da empresa reduziriam o risco da decisão: se desse errado, tudo bem. Em suma, a essência da decisão de fazer uma pesquisa está relacionada com o custo de não a fazer. Mas como decidir?

De cara, pense sobre o problema que está incomodando. Por exemplo, as vendas de uma loja estão caindo há mais de seis meses. Quais são as informações que a empresa tem ou que
você sabe e que possam ser a causa da queda de faturamento?

Você consegue traduzir esse problema em uma pergunta cuja resposta vai ajudar a resolvê-lo? Se sim, essa resposta está nos registros internos da empresa ou no comportamento de quem compra seus produtos e serviços?

Se for o primeiro caso, as informações estão organizadas e podem ser recuperadas facilmente? Se estiverem, parabéns e mãos à obra. Se for o segundo, você conhece seus consumidores suficientemente bem para traçar uma estratégia?

No final das contas, avalie: você está disposto a tomar as decisões sem as informações necessárias? E quanto custa buscá-las? A não ser aquelas que estejam na sua cabeça, nunca é
de graça. Mesmo que você faça tudo sozinho, sempre há algum custo. E, por custo, não entenda somente o lado financeiro. Um esquema simples pode ajudar na decisão.

Faça-se quatro perguntas:

1) A decisão pode esperar a pesquisa ficar pronta?

2) A informação gerada pela pesquisa é adequada à tomada de decisão?

3) A decisão é importante e tem relevância estratégica e tática?

4) O valor da informação é maior do que o custo da pesquisa?

Veja que o caminho começa por uma avaliação do tempo disponível para fazer a pesquisa, passa pela adequação e a importância da informação e termina no custo. Qualquer resposta “não” aborta o projeto.

Conduzir uma pesquisa não é uma tarefa trivial, nem barata. Há algum tempo, uma empresa ou um instituto de pesquisa teria de ser contratado. Sem as possibilidades de contato abertas pela internet, havia apenas o telefone e a abordagem face a face, o que exigia uma estrutura grande e dispendiosa.

Hoje, existem vários sistemas online para criar questionários, distribuí-los e analisar os resultados. Dá até para fazer uma pesquisa quase sem custos, a não ser os da internet e da energia elétrica, supondo que você já tenha o computador e – o mais importante – o acesso aos entrevistados com o perfil correto. Mas o processo mais confiável e controlável continua sendo a pesquisa pessoal, nas ruas ou nas residências dos entrevistados.

E atente-se, o conhecimento teórico e especializado presente nas universidades, institutos e empresas de pesquisa é cada vez mais indispensável. Ficou fácil? Será mesmo?

Bem, se não se souber o que perguntar, a quem perguntar, como perguntar, como analisar e que fazer com as respostas, nenhum aparato tecnológico vai ser suficiente e eficaz para se fazer uma boa pesquisa. A ferramentas, todos têm acesso a ela. Mas conhecimento para delas extrair o melhor uso leva muito estudo, tempo e envolvimento pessoal para ser adquirido.

*Hélvio Brito é líder de pesquisas da Abrasel.

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