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Em plena pandemia quatro empresárias se uniram, reinventaram seus negócios, aumentaram lucros e conseguiram inclusive recontratar funcionários

Ana Roberia, Nara Amaral, Dani Veloso e Rosana Lins, as mulheres por trás do 4 Cozinhas. Foto: divulgação

Por Gabriel Lacerda

crise continua a assombrar milhões de empresários brasileiros. Portas fechadas, colaboradores dispensados, receitas no chão, dividas a mil. Cenário característico do setor de bares e restaurantes em todo o país e que vem acompanhado de uma dúvida que ecoa por todos os cantos: o que fazer agora? Em Salvador, capital baiana, quatro empresárias tiveram uma ideia simples e eficaz que garantiu o sustento de seus negócios.

As mulheres por trás da iniciativa são Dani Veloso, que comanda o Bolo das Meninas, com produção de bolos caseiros; Rosana Lins, a frente do La Massima,um restaurante
e fábrica de massas artesanais e molhos gourmet; Ana Roberia, que toca o Bella Bistrot, que tem como característica uma cozinha multicultural; e Nara Amaral, do restaurante Di Janela, uma cozinha mais regional.

Juntas, elas criaram o 4 Cozinhas. Funciona assim: a cada temporada o cliente encomenda, por delivery, quatro os diferentes tipos de pratos dos estabelecimentos em um só combo, que vem congelado.

Para Nara, o propósito é que todos os quatro negócios sejam beneficiados. “Cada uma de nós domina uma área. Tem uma que é ótima em delivery, outra em divulgar, cada uma ajuda com sua melhor habilidade”.

Os estabelecimentos das empresárias funcionam de forma individual e, ao mesmo tempo, no 4 Cozinhas. Segundo Nara, a cada semana uma delas ficava mais à frente do projeto para que as outras não fiquem sobrecarregadas.

“A gente monta o cardápio todo no sábado e cada um tem três opções de cada restaurante. O cliente tem que escolher até quarta-feira quatro refeições. Pode ser um prato de cada loja ou dois de uma, dois de outra e assim vai. A gente sempre sugere que a pessoa escolha um prato de cada lugar para poder experimentar, né?”, discorre Nara Amaral. “O cliente vai poder experimentar até seis pratos por um bom preço e ainda ajudar o comércio local”, pontua.

A ideia

“Quando a pandemia chegou, estávamos num momento incrível. O Di Janela estava fazendo muitosucesso. De repente, tive que fechar e ir para o delivery, ferramenta que eu não tinha tanto contato, foi tudo muito rápido”, conta Nara.

“Dispensei 12 funcionários e ficaram somente eu cozinhando e meu marido entregando. A conta não fechava e tive a ideia de criar um grupo no WhatsApp com parceiros, conhecidos, amigos do ramo de gastronomia e garçons para saber como eles estavam sobrevivendo”, continua.

Com o grupo criado, os participantes trocavam conhecimento e dividiam ali as dores do comércio ainda fechado “Os problemas que nos assombram são vários. No grupo, falamos de tudo lá e procuramos nos ajudar”. De março a agosto de 2020, Salvador ficou 136dias com bares e restaurantes funcionando apenas no formato delivery e take away, serviço para retirar o produto na loja e consumir em outro local, o que prejudica grande parte do setor, que não tem estrutura necessária para estes tipos de operação. De acordo com a Abrasel na Bahia cerca de oito mil dos negócios em todo estado fecharam definitivamente.

"Em março de 2020 criamos um gabinete de gestão de crise para potencializar nossa capacidade de enfrentamento diante dos enormes desafios da pandemia, com reuniões diárias, rápidas e objetivas que nos permitiram definições estratégicas e ações integradas, sempre com foco na solução, o que denominamos de "papo reto"!

O sucesso desse modelo nos levou a criação de mais quatro gabinetes de gestão de crise em núcleos de cidades do interior da Bahia, fazendo chegar conteúdo relevante e principalmente a ampliação do diálogo com as esferas municipais sobre protocolos, ações, demandas do setor, etc."

União que transforma

A despesa do projeto é dividida proporcionalmente ao lucro e toda entrega é realizada fora dos aplicativos de delivery. “Se o cliente compra um prato de cada estabelecimento, o valor da despesa é dividido igualmente. Se ele compra dois pratos de um lugar e dois de outro, o valor é dividido entre os dois restaurantes. E assim vai”, conta Nara.

“O nosso objetivo desde o início é se ajudar. Os preços fixos. Para quatro pratos o valor é de R$ 144.Se a pessoa escolhe cinco pratos, o preço é R$ 175,00 e seis pratos custam R$204,00, sendo que a pessoa ganha um prato. Na sexta, que é nosso dia de entrega,são três, quatro motoboys para realizarem as entregas.E para quem mora na região, a gente nem cobra taxa de entrega”, diz a chef do Di Janela.

Outra participante do projeto 4 Cozinhas, a proprietária do La Massima, Rosana Lins, comenta o sucesso da iniciativa. “A gente convidou muitos chefes da Bahia para divulgarem os restaurantes. Não cobramos nada, o custo do chefe era fazer o prato dele e a gente cuidava do resto”, explica. “Quando fazemos isso, estamos multiplicando nossos clientes. Um restaurante vai divulgando o outro e os públicos de cada um vão se misturando, a gente multiplica cliente e todo mundo ganha com isso”, finaliza Rosana.

No Di Janela, todos os funcionários foram recontratados, tamanho o êxito da empreitada

O 4 Cozinhas também aumentou a receita do La Massima, segundo Rosana “Não tínhamos ideia que o projeto faria muito sucesso. Tivemos um aumento de 30% nas vendas. Estava com uma equipe enxuta, por causa da pandemia, e agora tive que aumentar o time para dar conta”.

A iniciativa do 4 Cozinhas, nas palavras de Nara, colocou comida dentro de casa e depois na casa de cada um dos 12 funcionários, que foram todos recontratados. “Era uma ideia simples, mas eficaz. Conseguimos sustentar nossos negócios, nossas famílias e as famílias de cada um dos nossos funcionários. Nós sobrevivemos!”.

Na luta

Empoderar e revelar mulheres que se destacam no setor de alimentação fora do lar.Com este propósito, a consultoria Galunion lançou uma websérie no YouTube sobre o tema. Os episódios trazem entrevistas conduzidas por Simone Galante com diversas lideranças femininas no setor. Entre as mulheres já entrevistadas estão Luciana Melo, fundadora e CEO do Café Cultura, rede de cafeterias com 18 unidades, e Brenda Branco, head das lojas de conveniência BR Mania.

Os conteúdos abordam temas do cotidiano de quem administra um negócio de alimentação, como também o empreendedorismo feminino e os desafios de ser uma mulher em um dos ramos mais antigos do mercado.

“É uma oportunidade de promover apoio e visibilidade para as mulheres do setor e prestigiar líderes que tanto inspiram a Galunion”, diz a CEO e fundadora da consultoria, Simone Galante. Novos episódios da websérie serão lançados em breve no canal da Galunion no YouTube.

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