abrasel

É preciso priorizar a solução, e todo o resto é secundário.

A crise que eclodiu com o acordo de delação premiada de Joesley Batista, dono da JBS, mostra que estamos reinventando o futuro de uma nova sociedade, descartando vícios políticos que se aninharam no embolorado porão da história brasileira.

Nesse porão do velho poder invisível, uma expressiva parcela dos políticos continuou a praticar seus costumeiros delitos, mesmo que presos ou sob investigação. Eles se mostram incuravelmente atrelados ao anacrônico patrimonialismo de um minúsculo segmento empresarial, useiro e vezeiro de um conluio voltado à apropriação do público pelo privado.

Mas, em contrapartida, na esfera do poder visível, em que os representantes dialogam abertamente com os representados, começou-se a colocar em prática um conjunto de reformas do arcabouço legal da economia. Os resultados positivos dos passos do Brasil no território da modernidade já estão dando os primeiros sinais, depois de dois de anos de recessão.

A economia mostra à política qual é a rota da solução.

Se, de um lado, um terço do Congresso Nacional deve explicações ao Supremo Tribunal Federal (STF), a área econômica do governo está isenta de investigações. Mais importante ainda: vem fazendo um trabalho de primeiríssima linha, inclusive mantendo um diálogo permanente com a área moderna do próprio Congresso.

Assistimos à redução da inflação, da taxa referencial de juros (a Selic), do endividamento das famílias e, agora, estamos vendo os primeiros números de aumento do emprego. Há melhoras significativas do desempenho da balança comercial e na confiança dos agentes econômicos. Ou seja: o lado econômico funciona.

alt
É preciso dizer que o lado político também está funcionando, mas no sentido da depuração. Está-se fazendo a limpeza, graças às revigoradas instituições do Supremo Tribunal Federal, do Ministério Público e da Polícia Federal. São elas, com o apoio da opinião pública, que estão fazendo a faxina no subsolo da corrupção, do peculato, da malversação dos recursos da sociedade, da apropriação do público pelo privado.

A remoção desses carcomidos entulhos tem de ser feita em linha com as ações modernizantes da gestão econômica e do poder judiciário, que, diga-se de passagem, têm sido absolutamente constitucionais.

Sem a Constituição não há solução. Defendê-la é o nosso dever e a nossa salvação.

Atravessaremos mais um processo de depuração. Criamos a moeda, o real. Aprendemos a lidar com os fundamentos básicos da macroeconomia, como o regime de meta da inflação, com os instrumentos de responsabilidade fiscal, com os mecanismos das agências reguladoras, com a independência (de fato, ainda que não de direito) do Banco Central.

O Brasil completará sua inserção no século XXI. É essencial que todos estejamos juntos para prosseguir no caminho das reformas modernizantes iniciadas há quase um ano.

Saibamos que o país passa, neste momento, pelas dores do parto do seu renascimento, em outro contexto, repleto de novas ideias e de renovadas esperanças. O que podemos fazer em prol para que completemos o cenário modernizante, com uma democracia ainda mais encorpada, voltada ao crescimento, ao emprego, à sustentabilidade e à justiça social?

Que você, eu e todos nós saibamos jogar fora o joio e armazenar o trigo. O joio é a velha política. O trigo é a agenda da ética e da democracia, como o regime do poder visível.

Comentários